domingo, 25 de setembro de 2011

Sinto como se estivesse semi-congelada, com poucos resquícios de temperatura corporal que não me causem hipotermia. Coagulei meu sangue nas veias e artérias principais, para que ele não se espalhe pelo resto do corpo, para que ele não esquente o que já está quase totalmente gélido. Fria, estou fria. Mentira, o pouco de calor ainda se mantém... o que me destrói, ou não, é que, realmente, não consigo deixar o natural esfriar, congelar, ser feito por completo, mas tenho um medo terrível de que eu obtenha a infelicidade de conseguir.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Para leer en forma interrogativa

Has visto,
verdaderamente has visto
la nieve, los astros, los pasos afelpados de la brisa...
Has tocado,
de verdad has tocado
el plato, el pan, la cara de esa mujer que tanto amás...
Has vivido
como un golpe en la frente,
el instante, el jadeo, la caída, la fuga...
Has sabido
con cada poro de la piel, sabido
que tus ojos, tus manos, tu sexo, tu blando corazón,
había que tirarlos
había que llorarlos
había que inventarlos otra vez.

Júlio Cortázar

sábado, 17 de setembro de 2011

Sabe-se lá. Sou o fundo do poço, o anzol da boca, o sangue esparramado e derramado. Tenho em mim o suor do não feito, dos desejos acabados e inacabados - um ensejo de calor, de frio, de um viver nem sempre orgasmático, pero sem nenhuma possibilidade de intenção de uma estabilização finda do êxtase.

Ao simples escrever, encaminha-me tuas palavras, parceira de Infinita Highway

Bilhete

Querida Lucy,

Há muitos tipos de pessoas, bem sabe. Há aquelas “lunares”, como nós costumávamos ser. Nosso pensamento era mais “celeste” que qualquer outro modo. Você era “in the sky”. Agora, você é a Lucy com os pés no chão, cabeça firme e pensamento livre. Mente grande. Tu irás longe, sabes disso.
Sabe, Lucy, há quem diga que sejamos “realistas demais”. Não, não ligue quando disserem isso. O que é ser realista? Se é ser feliz com o que possuímos e fazer planos tangíveis, então somos ninjas nisso!
Cansei de viver nas nuvens, Lucy. Mas confesso que elas ainda me visitam de vez em quando. Não as mando totalmente embora pois elas são as responsáveis por alguns momentos criativos. Poeticamente falando, elas me são úteis!
Não choro mais por paixão, já disse. Creio que fazes o mesmo.
Paixão enfraquece, arrebenta com a saúde e deixa-nos uma pitada de insegurança.
Prefiro o real.
Apareça sempre que puder, Lucy. Venha sempre acompanhada de suas idéias.
Sentaremos e, juntas, iremos misturar as Ciências Jurídicas com as Relações Internacionais. E, dessa miscelânea, sairá boas conclusões.
E iremos ser irmãs, como sempre.

Um abraço,
Com todo o carinho.


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Sobre os comportamentos humanos

É cultural, é cultural. Não sei. É genético, animal e hormonal, é genético, animal e hormonal. Não sei, não sei. Sei lá. Só sei das intermitências do tempo (qual, que tempo?). Sabendo delas, sei deles - os feixes emotivos. Eles vão e vêm, vêm e vão. E se vão. Não há necessidade nem de olvidar dos velhos clichês liberais, aqueles que nas intermitências do tempo podem ser usados como máxima para ações mentais comportamentalmente agirem contra o impulso racionalmente (interrogação) construído de manutenção, expulsar os tais feixes emotivos, que tendem por quaisquer motivos obscuros enraizar-se, lançados estão, para efeito de combate: laissez faire, laissez aller, laissez passer. Duvidar-se deve dessas premissas, assim como de quaisquer que ao léu ou ao céu aparecerem. Macho, fêmea, gênero. Acho, acho. Acho. O tal tempo agora ordena uma estação de parada, ele não consegue abarcar o cognitivo-comportamental, então com discursos ou mesmo diálogos não pode clarificar nada que não seja, por uma separação duvidosa, pelo instinto de animal tal qual qualquer mamífero sinta. Instinto, cultura? Não sei. Os dois. Não sei, tudo isso é lixo. As velhas, e ainda tão corriqueiras dicotomias? Não, ainda não se escapa. Pede-se doses de relativismo, mas ainda procura-se eficiência na descoberta de dicotomias. E, de todas essas palavras, relativas, verdadeiras e mentirosas, há descarte aconselhável.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver na rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram,

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.

Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago;
Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde o memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de de contas-entes ligadas por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,

Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através de sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim...


Álvaro de Campos

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Fardo tão grande para alçar-te
O ardor de Sísifo não sobra
por mais que nos lançemos à Obra
A arte é longa e o tempo é breve

Baudelaire, As flores do mal

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

É tua impessoalidade
Por qual não razão figura-te por ela? Impessoalidade pela simples ode ao não contato? Ou pelo louvor à apreciação alheia disto?
Não me tocas
É a tua face, é o que queres me mostrar - o teu bom grado?
Não me tocas
Ao encontro, tocaste-me pelo difícil
Tocaste-me pelo incomum, sobra em mim o gosto por descobrir tuas entrelinhas
mas tens medo de mostrar-me teu simples
é pelo simples que me arrebataria
só posso alcançar as tuas linhas, pontos
não sinto tua saliva de frases não pensadas, de frases faladas e vomitadas
existe outra face em ti?
eu a vi, antes de colocá-la em um cavalo alado
que tem medo de me encontrar
Mas, não, não me tocas
e não queres me tocar
Sinto muito.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
E pensas maravilha quando pensas anca
Quando pensas virilha pensas gozo.
Mas tudo mais falece quando pensas tardança
E te despedes.
E quando pensas breve
Teu balbucio trêmulo, teu texto-desengano
Que te espia, e espia o pouco tempo te rondando a ilha.
E quando pensas VIDA QUE ESMORECE. E retomas
Luta, ascese, e as mós do tempo vão triturando
Tua esmaltada garganta... Mas assim mesmo
Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
Canta o começo e o fim. Como se fosse verdade
A esperança.

Hilda Hist

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Caso pluvioso

A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que Maria é que chovia.
A chuva era Maria. E cada pingo
de Maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
Eu era todo barro, sem verdura...
Maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
matinal e noturna, ativa...Nossa!

Não me chovas, Maria, mais que o justo
chuvisco de um momento, apenas susto.
Não me inundes de teu líquido plasma,
não sejas tão aquático fantasma!

Eu lhe dizia em vão - pois que Maria
quanto mais eu rogava, mais chovia.
E chuveirando atroz em meu caminho,
o deixava banhado em triste vinho,

que não aquece, pois água de chuva
mosto é de cinza, não de boa uva.
Chuvadeira Maria, chuvadonha,
chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo,
poças dágua gelada ia tecendo.
Choveu tanto Maria em minha casa
que a correnteza forte criou asa

e um rio se formou, ou mar, não sei,
sei apenas que nele me afundei.
E quanto mais as ondas me levavam,
as fontes de Maria mais chuvavam,

de sorte que com pouco, e sem recurso,
as coisas se lançaram no seu curso,
e eis o mundo molhado e sovertido
sob aquele sinistro e atro chuvido.

Os seres mais estranhos se juntando
na mesma aquosa pasta iam clamando
contra essa chuva estúpida e mortal
catarata (jamais houve outra igual).

Anti-petendam cânticos se ouviram.
Que nada! As cordas dágua mais deliram,
e Maria, torneira desatada,
mais se dilata em sua chuvarada.

Os navios soçobram. Continentes
já submergem com todos os viventes,
e Maria chovendo. Eis que a essa altura,
delida e fluida a humana enfibratura,

e a terra não sofrendo tal chuvência,
comoveu-se a Divina Providência,
e Deus, piedoso e enérgico, bradou:
Não chove mais, Maria! - e ela parou.

Carlos Drummond de Andrade

Voz de Paulo Autran

sábado, 6 de agosto de 2011

Minifesto (Paulo Leminski)
ave a raiva desta noite
a baita lasca fúria abrupta
louca besta vaca solta
ruiva luz que contra o dia
tanto e tarde madrugastes

morra a calma desta tarde
morra em ouro
enfim, mais seda
a morte, essa fraude,
quando próspera

viva e morra sobretudo
este dia, metal vil,
surdo, cego e mudo,
nele tudo foi e, se ser foi tudo,
já nem tudo nem sei
se vai saber a primavera
ou se um dia saberei
que nem eu saber nem ser nem era

[do livro Distraídos Venceremos]

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Escuto de longe teu grito. O que queres? Não entendo. Não perco o disperso ruído, acompanhado de um lento cantarolar... Podes me dar teus assobios, eu os quero como veludo em meu pescoço. Sei o que queres, jogastes sempre. Finjo não saber, ou sei muito bem meu fingir saber. Gritas, esperneias, choras. Alguém! Vem de ti? Não, não digas... silencia tuas cordas vocais para as palavras, e só me assobie. Sinto isto nas palmas de minhas riscadas mãos.
Que a palavra parede não seja símbolo
de obstáculos à liberdade
nem de desejos reprimidos
nem de proibições na infância,
etc. (essas coisas que acham os
reveladores de arcanos mentais)
Não.
Parede que me seduz é de tijolo, adobe
preposto ao abdomen de uma casa.
Eu tenho um gosto rasteiro de
ir por reentrâncias
baixar em rachaduras de paredes
por frinchas, por gretas - com lascívia de hera.


Manuel de Barros

Monologamente egoísta

Só eu tenho o pleno e belo desconhecimento do trânsito e da sinalização sem lógica alguma que se passam aqui por dentro, na caixa oval de ossos - e por fora também, não me excluo. Desconheço-me completamente. De nada mais posso escrever a não ser de mim e dos meus perdidos pensamentos, que entram por quaisquer lugar, sem ordem alguma. Por isso, eu sou os outros. E outros são o que escrevo - dialogicamente os sou de cada um uma milimetragem. Quem fala aqui sou eu, pura cultura repetida, totalmente hormonal. Normalmente é um prazer conhecer novos outros-eus, mas digo que pretendo dosar a empatia inicialmente. Só estou sendo, como dizem, um pouco racional, mesmo sem saber do que diabos isto se trata.

Viajante desconhecido, faz-me assumir que sim

Eu me entrego, na ânsia de querer acertar, eu imito a razão. E minto. Não sei, apesar de guardar esse caça-palavras para quando o corpo estiver cansado e os pensamentos continuarem velozes e sensivelmente astutos, realmente não sei se há e qual é o limiar entre razão e emoção. Há? Sim, eu sei que vai me dizer: - Ainda pensa nisso, mulher? Penso. E por isso me entrego: o meu racional é tão emocional. Eu me entrego dizendo que eu sempre me entrego - não sou boa em calcular ganhos e danos. Sinto-me tão viril, meu corpo só pede poesia - ora com cuidados minuciosos de outro toque, ora com versos sem ensaio, com suor, saliva, vontade. Sinto-me dizer, pois só a mim posso justificar, mas eu sempre me entrego.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Arcaram os vossos argonautas com monstros e medos. Também, na viagem do meu
pensamento, tive monstros e medos com que arcar. No caminho para o abismo abstracto, que
está no fundo das coisas, há horrores, que passar, que os homens do mundo não imaginam e
medos que ter que a experiência humana não conhece; é mais humano talvez o cabo para o
lugar indefinido do mar comum do que a senda abstracta para o vácuo do mundo."

- Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Não é preciso ter razão para cantar.
Para dar ao corpo uma manhã mais tarde, uma noite mais úmida.
Para decorar a letra tremida da carne.
Canta-se como uma telha solta do telhado, para se confessar de alegria.
Canta-se para não dizer tudo o que resta a dizer.
Para não ser dito o que não cabe, para que sejam lidas as labaredas.
Canta-se para confundir o pão e os insetos, as mãos e os seios, os joelhos e ladeira da chuva.
Canta-se para não dormir durante a leitura.
Para roçar um vestido.
Para se privar do invisível.
Canta-se para não assentar o fundo, para retardar o caminho de regresso.
Canta-se para amar o que ainda nem nasceu, para interromper uma recordação triste.
Canta-se ainda que sem voz afinada, sem apetite.
Canta-se como uma poeira luminosa que sobe dos tapetes e que só é vista na infância ou quando se canta.
Canta-se com o relógio de árvore.
Com as ervas mastigadas pelas águas, pela extensão dos cabelos.
Canta-se pelo silêncio crespo do vinho, pelo vitral que há no vinho.
Canta-se pelas pedras onduladas das lâmpadas, para se apoiar na velhice das escadas.
Canta-se para ultrapassar a mágoa, para não ter motivos.
Canta-se para embaralhar a confiança e a carícia, desobedecer o ventre, injuriar com um beijo.
Canta-se para arrumar os ombros, ajeitar a gola, subir na grama.
Canta-se para alimentar o que não é letra.
Para despedir-se do começo.
Canta-se para viver no mesmo dia dos lábios.
Pela falta de equilíbrio dos segredos.
Canta-se para persistir quando era o momento de se apagar.
Canta-se para convencer o passado que ele ainda não imaginou o suficiente.
Canta-se para respirar mesmo sem ar.
Para respirar debaixo de um corpo." (Fabrício Carpinejar)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Dia de Leminski

Razão de ser

Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Paulo Leminski

sábado, 2 de julho de 2011

Deixe os violinos, e as flautas... juntarem ao teu samba, com suor e movimento, e sangue, e ardência. Não, e olhe seus cabelos, bagunçados, embaraçados, sedentos. Sede de. Fome de. A canção... essa, com três tempos, que começa a tocar em 12, e em quantos forem (im)possíveis. Mais sangue. Deite. Ordeno-lhe a... não ordenar. "There are places i'll remember all my life, Though some have changed (...)". Se lembrar é... lembrar é... sentir sem linearidade, não há passado, presente, ou futuro... só há, simplesmente há.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"...
Vou acalmar meu excesso pensei

Ministrando doses diárias de barcos ancorados ao sol,

Rodeados por pequenos pássaros em busca de restos de peixe.

Águas se lançando sobre as pedras e um vento que parece vivo,

Como se tivesse a intenção de às vezes fazer agrados

Em minha pele.

Meu rosto tem muita simpatia por ventos,

Reconhece certos humores próprios a vento.

Gosto de coisas que se movem.

Por isso aprecio rios e não sou tanto assim apegada a mares..."

Viviane Mosé

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Viagem na hiper-realidade cotidiana...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Em homenagem ao meu momento nostálgico...


Ser criança me deixa feliz. Gosto muitos dos meus momentos de nostalgia quando eles me lembram deste ponto.. e nem preciso ir longe, eu vivi o meu ensino médio escolar como uma criança. É meio inevitável a vontade de voltar atrás por esse motivo, mas eis que surge um pensamento muito bom: eu não quero e não preciso deixar de ser criança. E nem vou. Em qual sentido? Em brincar com a vida, em rir da vida. Em abraçar e fazer montinhos nos meus amigos, cócegas. Em me divertir no projeto mais bobo do mundo, que seja uma gincana da escola.
Eu não me tiro isso, e nem ligo para essa tal de divisões de fases da vida que as pessoas fazem. Eu não, quero brincar o tempo todo.
Falando nisso, vou escutar música e fazer dobraduras, antes de continuar na sabatina de estudos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

E quando parar, por um segundo que seja.. e deixar a música tocar. Mesmo naquele dia, cheio de cobranças, cheio de relatórios, cheio de afazeres... que também são prazeres por vezes (não os tenho necessariamente como obrigações burocráticas). Mas, assim, deixar os pêlos se arrepiarem no meio de tudo... sem um porquê, só porque você sente. E ler um texto lindo da sua amiga, e se arrepiar novamente. Faço isso para me manter viva, e estou, viva sentindo. E, minha amiga, também nunca fiz versos... ao menos não metrificados. Mas eu digo, penso e digo. E preciso dizer... posto aqui, minha linda amiga, suas palavras que admiro tanto:


"Cantar qualquer coisa, não importa o quê
Ficam registradas aqui as minhas palavras simples, já que nunca consegui fazer versos. Fica aqui um pouco da minha vivência, que nem é tanta assim, mas é digna de ser guardada em um texto.
Por fim, me despeço. Continuarei sentada em frente à tela, escrevendo por horas, escrevendo os rascunhos de minha vida, com a certeza de que um dia serão passados a limpo definitivamente. Bom é pôr o velho e bom rock, um soul talvez... Cantar qualquer coisa, não importa o quê, desde que seja lindo. Cantar até ficar rouca o refrão que eu amo: “Don`t you know He is some kind of wonderful? “ "
Laís de Ponte
Blog "Leis da Laís": http://leisdalais.blogspot.com/

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Baba o'riley - Quadrophenia - The Who

terça-feira, 31 de maio de 2011

Coming back to life - Division Bell
Pink Floyd, dias de overdose dos melhores álbuns...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ah, como amo ficar entorpecida de música com meu querido Dylan, meus queridos do Velvet underground... e muitos outros amados meus não presentes no momento. Meu coração é tão plural!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Pois eu ando muito normativa comigo, não?
Sinto: seja visceral.

sábado, 21 de maio de 2011

Eu me adoro quando morro de rir de (e com) algumas palavras.
Elas são tão engraçadas hauahauahaauauahaua.
Ah, lógica desnecessária.. sabes que não me agradas, e muito menos existes. Ide aos Céus, aqui não te quero.
é para mim que escrevo
porque esqueço-me todos os dias
em mim conjunturam-se pensamentos, corpo, sensações provindas da química que fazem-se os corpos de todos nós
vezes, em surtos de sanidade que atrapalham a minha amada loucura, tento organizá-los
consigo
quando, enfim, coloco-os em caos novamente
consigo?
ah... pudera eu ter compartilhado álcool com Nietzsche e Sartre
diria-lhes que hoje penso suas palavras em um liquidificador mental
que, para agora minha alegria, não conseguem sempre encaminhar a química de meu corpo
é é deste que lhes falo, a vocês, ao léu
este meu corpo que é sangue, é orgasmo e pensamento
é suor e percepção
e muitas vezes é cárcere dos costumes... sobrepostos desde o nascimento
nego minha educação. Mas, sem querer, sinto nostalgia por vezes
e é isto. Eu digo com convicção, é isto: sou um sobreposto de dias de passados, e novas sensações
desconhecidas, deliciosas
imprevistas
podem putrefar-se
mas estão
lindo!

domingo, 8 de maio de 2011

Dá-me eletricidade.
Materializo a música. Conquista-me pelo toque, pela voz, pelo cheiro. Pelo seu pensar, junta-o a teu corpo e faz-me sentir. Dance, dance... comigo, por si.
"Qual o caminho da gente? Nem para frente nem para trás: só para cima. Ou parar curto quieto. Feito os bichos fazem. Viver... O senhor sabe: viver é etcétera..." - Grande Sertão: veredas - Guimarães Rosa

sábado, 7 de maio de 2011

Luciana, nunca se esqueça do seu sonho de ser musicista amadora, de tocar um instrumento e voltar a cantar, tal como costumava e gostava de fazer...
uma palavra vem à mente, não sei codificá-la... ela se faz em: Zabumba. Não, não é ela.
Eu escuto o começo delicioso de Hotel California... e lembro-me das aulas de inglês.
Óh, ora doces, ora amargas, memórias...
Some dance to remember, some dance to forget
e aí ela diz... she said, she said:
"we are all just prisioners here, of our own device"
e eu penso: prisão? prisão?
não vejo mais as paredes do cárcere, eu ainda não criei as mais novas...
E essa sensação maravilhosa de ter escolhido um caminho momentâneo bem legal?
Um bom intervalo entre sorrisos e caras cabisbaixas.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Um tratado: não recuso o meu desconhecido, dispenso a previsão, e a planeja-ação.
Não gosto de dar títulos a o que escrevo.
Aperto uma mão sobre os dedos da outra... sinto-a com uma mistura de atrito e maciez, de quente e frio, de seco e molhado. Sinto-me, agora. Tempo. Agora. Toco-me... unhas não bem lixadas escorregam sobre minhas olheiras de insonia. Estralo as articulações dos dedos dos pés, logo seguidamente, desdobro e relaxo os joelhos. Respiro, relaxo... os olhos pesam. Sono.
que cada lâmina de experiência seja posta sobre grandes imaginações falidas...
que as lentes sejam mudadas...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Não, sátira é isto.
quando tudo acontece lá, cá dentro
e sinto duas pessoas - o homem duplicado
duas forças, que ora se contrapõem, ora se conjunturam
busco eu o certo! Não, mas esqueço-me do meu próprio lema de vida - o mais recente
não há certo.
Certo no sentido de certeza, no sentido de verdade

Sim, confusão é isto - ou não
Aceito a incoerência.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Devaneios (eu)

Ah, confundo-me
a todo tempo
contraditória
é.

Sentidos... entos
penso... não... entos
razão... al
let it pass
passar.
passe.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

"Assovia o vento dentro de mim. Estou despido. Dono de nada, dono de ninguém, nem mesmo dono de minhas certezas..." Eduardo Galeano
Eu absorvo tudo. Às vezes paro, e é como se eu pudesse sentir as dores mais íntimas de todas as pessoas. Isso me cansa, e dói muito. Eu sinto uma espécie de empatia universal que me corrói por completo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Cansada de same old songs, busco treinar o "let it go" para as aflições!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te dá vontade. Que a vida não espera por você. Caio Fernando Abreu
Eu não preciso me "entender". Que vagamente eu me sinta, já me basta. Clarice Lispector

domingo, 10 de abril de 2011

Nós, e o universo paralelo que cada um possui.
E a coragem exacerbada para se fazer tudo também continuou, mesmo depois. Agora vou ter que aprender a lidar com a coragem que libertei. Sim, eu a amo, mas quero lapidá-la... e até, sem medo de dizer, também domá-la.
Minha mente estava liberta. Eu senti que entendia todas as pessoas. Elas ficaram menos nebulosas para mim, inclusive eu para mim. O que me fez não gostar do que me possibilitou esse entendimento, é que senti que eu tinha muita coragem, coragem de fazer tudo. Porque eu vi a inexistência natural de limites. Mas eu enxerguei a necessidade de criar limites. Não limites universais, mas limites pessoais. Eu tive medo, muito medo. Eu não saberia lidar, e não quero mesmo testar a minha destreza dentro desses limites tênues. Esse complexo de sentires eu tomei como um divisor de águas para uma nova forma de ser que crio em mim. Mas não quero mais precisar de ontem para sempre entender isso, não porque achei uma coisa maléfica (o que preciso me livrar mesmo, de uma vez, é desse pensamento maniqueísta... o que não quer dizer relativizar tudo), mas porque eu, por mim mesma, tenho a coragem de dizer que os meus maiores testes de limites são recriá-los.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Se um dia tudo se estabilizar, sinto que morrerei. Pois a dinâmica doida que pensava ser meu obstáculo, é na realidade minha vida. E essa vida me empolga. Perco-me sempre nesse dilema... quero movimento, quero estabilidade. Não dá, escolher, tenho as tais intermitências do tempo em cada espaço vazio contido em meus átomos; suspiro. Pareço só mais uma holista, pagã? Devo ser. Mas tenho diversos intervalos de necessidades das mais simples... como um simples fechar de olhos, um cheiro de água, um esticar de pernas, ou uma corrida sem sapatos apropriados. Isso eu chamo de estabilidade. É quando eu suspiro, e cada parte viva de meu corpo se relaxa. Só que sem o êxtase, também não posso ser. Arrepia-me!