terça-feira, 26 de novembro de 2013

Se existem raivas, vamos curá-las
Se existem raivas, vamos curá-las
Pare de esconder.  Eu pare de esconder.
Se existem raivas, vamos curá-las.
Entre nós, se existem raivas, vamos curá-las.
Vamos parar de ter medo. Vamos parar de ter. Pleno de ser por completo
Ao outro por completo
Ao outro por completo
Vamos nos colocar
Vamos nos colocar
À frente do medo, vamos nos colocar
À frente do medo de acreditar
À frente do medo de acreditar que o outro está nu, totalmente nu à sua frente
À frente do medo de acreditar que o outro está nu, te amando, à sua frente
à frente do medo de acreditar que o outro está
que o outro é
que o outro me está
que o outro me é
que o outro me quer
que o outro me quer plenamente
completamente
tamente me ama
o outro me ama
ele me ama
eu o ama
ele só me ama e se ama e me ama e se ama e me ama e me
porque ele me, se, comigo, consigo
ele me. Está dentro
dentro
totalmente por dentro. Junto.
Substancialmente junto
Embrionariamente, ele se misturou
A mim. A ele. E a mim
Ela está
Ela está.
Ele está com medo ela está com medo tem medo
Sempre teve
Se existem raivas, vamos curá-las
Se existem raivas, vamos curá-las
A mim por completo. A ti por completa.
Se existem, vamos matá-las.
A frio.
Vamos matá-las, enforcá-las, envenená-las, esfaqueá-las, deformá-las, espremê-las, cremá-las. Cremá-las. E jogá-las dum viaduto.
Acaba com sua própria vida, a jovem R., tão jovem, mas tão profundamente afundada em suas mentiras. Deixe-a se matar.
Foi nossa culpa.
Agradecemos a nós. Conseguimos.
A cura.


A gente estava se desgostando, a gente estava realmente, começando a desgostar, no desenvolvimento do desgostar. Desgostar, sim, mas no sentido de não mais sentir tão. Não mais afetar tanto. Aquela palavra que ataca, e machuca, dói... a in... a ind...  ferença. Oh, eu disse! Eu disse! Eu disse. Sangra. Não sente? Desgosta? Narrador tolo. Tolo como homem. Tolo como qualquer referencial. Nada, ó. Terminou o amor. Nada, ó, terminou o amor.

sábado, 22 de dezembro de 2012


Era um processo bem doloroso. Não era um desfazer-se de mim de uma forma metamorfósica kafkaniana. Fazia parte do descobrir do incontrolável, que abarcava a possibilidade das mais temíveis patologias psicológicas descobertas (inventadas) na contemporaneidade. Dentro desse emaranhado, surrado, ilógico, não linear, processo... a identificação das ações não controláveis estava feita: e vem novamente à cabeça: meditação, mantras, concentração... ah, o mistério do oriente, a dominação da mente, o equilíbrio... ah! Nunca conseguira sequer começar. A leitura infindável das "teorias de meditação" já estava feita há tempos: meditava na possibilidade de meditar, pensava que deveria, entendia os processos, as etapas, a teoria, tudo  o que a mente em seus moldes ocidentais está há muito acostumada a fazer. Queria. Necessitava. Sabia... sabia. Só não sabia se saber era o problema ou o início da solução. E não sabia também se havia ou deveria haver solução. Nadava, no emaranhado processo, perdida, encontrada, sabendo sem saber.
Em que mundo você vive?
faça.................................................................não pensa demais.
...............................................................................não sei como.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

E retirava o ímpeto de adrenalina de suas próprias ligações feitas na solidão, que, ilusórias ou não, pareciam fazer um sentido - seja ele cósmico, palpável, psicodélico, lógico...

sábado, 7 de abril de 2012


Ela olhava para os outros.
Olhava oriunda do absurdo de uma confirmação tirar
Obviamente que esta é a explicação impostora que sempre dá a si

A verdade que a impulsionou é outra: ela não consegue parar

Pensa, pensa, pensa
Em cada detalhe inútil

Em cada detalhe que mata a vida
Mas, ela olhou.

E constatou: nada mais queria, no ínfimo tempo do agora

Ele.
Aquilo que a dança das circunstâncias criou, sem esforço

Mas, com tanta entranha.
Com tanta... corda solta da liberdade, amarrada no inevitável querer

Não de prisão, mas de algo inconcebível no seu mundo do controle:
Corda de vontade genuína, das mais genuínas.

Ela não queria dizer amar, pois gosta de arranjar problemas com as palavras
Então ela, da forma mais profícua,

Só sentia. Vários os quês certeiros, sentia-os
E tinha certeza, no agora

Mesmo que soubesse que as certezas são tão tênues
Estava certa: não queria saber lá o que o amor significava

Não queria proferir essa junção de letras
Mas, eu digo a ela, mesmo sem nenhum direito de fala:

Ela ama como quem não quer pensar
Só o queria por perto, com seus ohos brilhantes

E sua presença verdadeira: eles realmente se tocaram
Sem fantasias, sem regras.

Eles estavam lá, com a verdade inexistente, existindo
E com palavras que linguística nenhuma conseguia materializar.

domingo, 25 de setembro de 2011

Sinto como se estivesse semi-congelada, com poucos resquícios de temperatura corporal que não me causem hipotermia. Coagulei meu sangue nas veias e artérias principais, para que ele não se espalhe pelo resto do corpo, para que ele não esquente o que já está quase totalmente gélido. Fria, estou fria. Mentira, o pouco de calor ainda se mantém... o que me destrói, ou não, é que, realmente, não consigo deixar o natural esfriar, congelar, ser feito por completo, mas tenho um medo terrível de que eu obtenha a infelicidade de conseguir.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Para leer en forma interrogativa

Has visto,
verdaderamente has visto
la nieve, los astros, los pasos afelpados de la brisa...
Has tocado,
de verdad has tocado
el plato, el pan, la cara de esa mujer que tanto amás...
Has vivido
como un golpe en la frente,
el instante, el jadeo, la caída, la fuga...
Has sabido
con cada poro de la piel, sabido
que tus ojos, tus manos, tu sexo, tu blando corazón,
había que tirarlos
había que llorarlos
había que inventarlos otra vez.

Júlio Cortázar