domingo, 28 de novembro de 2010

Ausência

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Hoje eu vou cuidar de meu jardim
Hoje as flores vão dançar sobre a terra
e as folhas cantar aos nossos ouvidos

Hoje, eu vou olhar minhas mãos
Vou fazer um carinho
Hoje, carregarei areia entre os pés

Quero me deitar, agora
Não pertuba-me o desconhecido
Hoje, vou mergulhar em meus riscos

Agora, olhos, lábios, ligam-se ao acaso
Aquecerei-me, entre o amor da vida
Agora, vejo o céu, a Lua

Vejo a terra abraçando o mar
Lembro-me da infância, lembro-me do agora
Lembro-me do depois, escuto o ar

Não é nada demais
Toque-me sua mão à minha
Não digo-lhe paixões, nem digo-lhe adeus
Prometo somente o silêncio de meus olhos

Hoje, vou me lembrar das lágrimas
e das risadas que custaram quedas
Chove, chove lá fora

Vou ficar, com ou sem você
a mão estendida de uma sombra escondida
Abraça, esquenta, canta

Não condiz, não esclarece a idéia
Clareia a figura do sol na parede
Hoje, eu vou até a janela

Quero debruçar-me, deitar-me
Fazer histórias, fazer conversas, amor
Hoje, vou simplesmente dizer

Sonhos de um sono bom
Mergulhado em uma cama dasarrumadamente arrumada
Hoje, minha ordem é o caos
Hoje, vou caminhar ao viver

Lembro-me das pedras
de uma ampulheta que um dia me fez crer
no Nunca, no Sempre, em nós

A música de nossas imagens
O grito de seu espaço, vago
Gostaria de conhecê-la, ao acaso

Cada passo plantado
Cada amor cultivado
Cada sorriso colhido
Cada abraço alimentando
Hoje, vou sujar as mãos de barro
Hoje, vou banhar-me de Sol
Hoje, sem querer
Hoje, aos joelhos, vou deitar meu olhar
Vou ver as flores cair, Primavera
Hoje eu vou cuidar do meu jardim

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Texto do meu amigo Bruno G. S. Favaretto, mais conhecido como Beronha ou Pastel. hehe

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Paciência - Lenine



Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara
A vida é tão rara...

A vida é tão rara...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós
uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.


SARAMAGO, José.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cá estou eu, neste lúgrube canto pensando. Não sei se minha escrita é lúcida, pois entorpecida estou por meus sentires. Penso se vale, vale, no ato de fazer, este seja o que sentir. Não, concluo, é um erro. Não confie nos seus sentires, Luciana. Repito-me. É? Não sei. Nunca vou saber. Queria, eu queria seguir meus sentires. Não sei se tenho coragem restante. Mas bom dia amanhã! Calma.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

(...)Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre. Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust. Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria. Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer. Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso. "


Martha Medeiros
Não há nada que nos dê mais segurança emocional do que não “precisar” dos outros,
e sim contar com os outros para aquilo em que eles são insubstituíveis:
companhia, sexo, risadas, amizade, conforto.
Se ainda não atingiu esse estágio, suba num cavalo imaginário e dê seu grito do Ipiranga.
Ficar amarrado à vida alheia faz você viver menos a sua.
Nada de se fazer de desentendida,
só para não se incomodar.
Incomode-se.
Dependência é morte.


[Martha Medeiros]

sábado, 24 de julho de 2010

“Se antes de cada ato nosso nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar. Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão, aliás, há quem diga que isso é que é a imortalidade de que tanto se fala.” (José Saramago)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Lady Grinning Soul

David Bowie.



People stared at the makeup on his face
Laughed at his long black hair, his animal grace
The boy in the bright blue jeans
Jumped up on the stage
And lady stardust sang his songs
Of darkness and disgrace

CHORUS
And he was alright, the band was altogether
Yes he was alright, the song went on forever
And he was awful nice
Really quite out of sight (second time: really quite paradise)
And he sang all night long

Femme fatales emerged from shadows
To watch this creature fair
Boys stood upon their chairs
To make their point of view
I smiled sadly for a love I could not obey
Lady stardust sang his songs
Of darkness and dismay

CHORUS

Oh how I sighed when they asked if I knew his name

CHORUS

The rain son

Zeppelin, Led.
=)



This is the springtime of my loving - the second season I am to know
You are the sunlight in my growing - so little warmth I've felt before.
It isn't hard to feel me glowing - I watched the fire that grew so low.

It is the summer of my smiles - flee from me Keepers of the Gloom.
Speak to me only with your eyes. It is to you I give this tune.
Ain't so hard to recognize - These things are clear to all from
time to time.

Talk Talk - I've felt the coldness of my winter
I never thought it would ever go. I cursed the gloom that set upon us...
But I know that I love you so

These are the seasons of emotion and like the winds they rise and fall
This is the wonder of devotion - I see the torch we all must hold.
This is the mystery of the quotient - Upon us all a little rain must fall.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Clarice, ah.. Clarice.

"Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!"

- Clarice Lispector

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Música que estava ouvindo...

e que fiquei com vontade de compartilhar.
É "Maggie May", de Rod Stewart. Gosto muito. Aqui vão a letra e a música no youtube. =)





Maggie May - Rod Stewart

Wake up Maggie I think I got something to say to you
It's late September and I really should be back at school
I know I keep you amused but I feel I'm being used
Oh Maggie I couldn't have tried any more
You led me away from home just to save you from being alone
You stole my heart and that's what really hurts

The morning sun when it's in your face really shows your age
But that don't worry me none in my eyes you're everything
I laughed at all of your jokes my love you didn't need to coax
Oh, Maggie I couldn't have tried any more
You led me away from home, just to save you from being alone
You stole my soul and that's a pain I can do without

All I needed was a friend to lend a guiding hand
But you turned into a lover and
mother what a lover, you wore me out
All you did was wreck my bed
and in the morning kick me in the head
Oh Maggie I couldn't have tried anymore
You led me away from home 'cause you didn't want to be alone
You stole my heart I couldn't leave you if I tried

(Really long Guitar Improv Bit)

I suppose I could collect my books and get on back to school
Or steal my daddy's cue and make a living out of playing pool
Or find myself a rock and roll band that needs a helpin' hand
Oh Maggie I wish I'd never seen your face
You made a first-class fool out of me
But I'm as blind as a fool can be
You stole my heart but I love you anyway

(guitar bit again)

Maggie I wish I'd never seen your face
I'll get on back home one of these days

terça-feira, 29 de junho de 2010

"As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca: 'Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que coleciona borboletas?'
Mas perguntam: 'Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?' Somente então é que elas julgam conhecê-lo.
Se dizemos às pessoas grandes: 'Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado...' elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma idéia da casa. É preciso dizer-lhes: 'Vi uma casa de seiscentos contos'. Então elas exclamam: 'Que beleza!' "

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?

Clarice Lispector

domingo, 20 de junho de 2010

"Minha vida...

...se divide em três fases. Na primeira, meu mundo era do tamanho do universo e era habitado por deuses, verdades e absolutos. Na segunda fase meu mundo encolheu, ficou mais modesto e passou a ser habitado por heróis revolucionários que portavam armas e cantavam canções de transformar o mundo. Na terceira fase, mortos os deuses, mortos os heróis, mortas as verdades e os absolutos, meu mundo se encolheu ainda mais e chegou não à sua verdade final mas à sua beleza final: ficou belo e efêmero como uma jabuticabeira florida"

Do Universo à Jabuticabeira - Rubem Alves

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Elis, Elis...

"Em termos de absoluta verdade, não posso negligenciar o que me foi rico na vida.
Cantar não é trabalho: é devoção, é sacerdócio. E ser artista foi o que me deixou de pé.
Foi pra isso que eu vim."

“Tenho o prazer de me danar e me recompor sozinha. Não preciso de muletas.”

"Talvez eu vá morrer, sem nunca entender as pessoas.."

sexta-feira, 21 de maio de 2010

É noite, mas está fazendo um solão! Daqueles sois tranquilos, sem pressa...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Yeah, coisa engraçada a alegria boba da novidade.
necessidade de controle de ansiedade ativada!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E começo a deixar pra lá muitas coisas...

só eu saberei o resultado.

sábado, 24 de abril de 2010

"Sou de uma seita engraçada
que adora não fazer nada.
E atiro serpentinas
para enfeitar a vida
numa anarquia de menina
repentina alegria incontida."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

para uma nova gramática:

imagine um sentimento água. um sentimento árvore. uma agonia vidro. uma emoção céu. uma espera pedra. um amor manga. um colorido vento sul. um jeito casa de ser. uma forma líquida de pensar. uma vida paredes. uma existência mar. uma solidão cordilheira. uma alegria pássaro em chuva fina. uma perda corpo.

acho que hoje acordei semente. tenho andado muito temporal. minha irmã vive um momento tudo. a vida ás vezes transborda pelos poros. me atinge um estado livro. aurora em meus joelhos. tem pessoas ponte. algumas carregam a gravidade nas costas. já conheci gente buraco negro. eu amo o instante limo. tem um branco em mim. a vida me urca. sofro de saudade anônima. palavras me beijam a boca.

Viviane Mosé.

You gotta be crazy - Pink Floyd

You gotta be crazy, you gotta be mean
You gotta keep your kids and your car clean
You gotta keep climbing, you gotta keep fit
You gotta keep smiling, you gotta eat shit

You gotta be small to be a big shot
You gotta eat meat to stay at the top
You gotta be trusted, gotta tell lies
You gotta be able to narrow your eyes

You gotta beleive they've gotta beleive you
You gotta appear easy to see through
Gotta be sure you look good on the TV
Gotta resemble a human being

You gotta keep one eye over your shoulder
Gonna get harder as you get older
Gotta fly south and hide in the sand
Gotta forget that you're gonna get cancer

And when you loose control
You'll reap the harvest you have sown
And as the fear grows
The bad blood slows and turns to stone

And it's too late to loose the weight
You used to need to throw around
So have a good drown
As you go down
Alone
Dragged down by the stone

Gotta be sure, you gotta be quick
Gotta divide the tame from the sick
Gotta keep some of us docile and fit
You gotta keep everyone burying this shit

You gotta get you started early
Processed by the time you're thirty
Work like fuck 'till you're sixty five
And then your time's your own until you die

I gotta admit to a lot of confusion
Pain in the head is the child of collusion
Gotta resist the creeping malaise
You gotta beleive in the way you get out of the maze

But you, you just keep on pretending
You can tell a sucker from a friend
But you still raise the knife to
Stranger, lover, friend and foe alike

Who was born in a house full of pain
Who was sent out to play on his own
Who was raised on a diet of shame
Who was trained not to spit in the fan
Who was told what to do by the man
Who was broken by trained personnel
Who was fitted with bridle and bit
Who was given a seat in the stand
Who was forcing his way to the rails
Who was offered a place on the board
Who was only a stranger at home
Who was ground down in the end
Who was found dead on the phone
Who was dragged down by the stone

Outono... como eu amo.


Confio, confio mesmo, nos artistas. Não por serem mais confiáveis. Mas por serem totalmente desconfiáveis. Assim, confio neles. Não por ufanarem verdades, mas por se permitirem falsear. Por se permitirem alardear-amar-errar-pecar. Por se permitirem a não verdade, e todas as verdades, e todas as inexistentes, aceitar. Confio em mim, artista. Artista de falácia, artista de palhaça. Artista de graça. De praça. De massa (de pão). Oras, eu sinto... e digo... e penso: Para mim a verdade de cientistas, e sua defesa inexorável dos métodos, da racionalidade e religiosos da tal dona dogma, é simplesmente essa verdade, uma das milhares de estrelas querendo virar único sol. Ou seja, é verdade. Aquela única. Não.
Às vezes não tem problema em deixar-se sentir chateado. Mesmo que, pensando, não devamos esperar nada das pessoas. Só que existe aquele mínimo (que consideramos como educação) que todos esperam. Sim, nem isso deveríamos esperar... mas qual o problema também se esperamos? A única consequência é essa chateação. Não tem problema sentí-la às vezes. É um pouco de defesa... nada de mais.

Ok, também sou humana. Ok, também sou animal. Ok, também posso ser irracional e não entender os outros. Por um momento que seja.

Mas estou feliz. É que minha escrita acontece mais em momentos emocionais chateados... ou sei lá, uns parecidos com esses.

Como observação, não acho que esperança seja uma coisa boa. É útil às vezes, mas não a longo prazo. Sou adepta de ver as coisas numa áurea que julgo como realidade (o que pode nem ser).

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O sentido é me divertir!
Você me faz correr demais
Os riscos desta highway
Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar

Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e isto é tudo
É sobretudo a lei
Da infinita highway

Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo dessa estrada
Olhe só, veja você
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E à noite eu acordava banhado em suor

Não queremos lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da infinita highway

Escute, garota, o vento canta uma canção
Dessas que uma banda nunca canta sem razão
Me diga, garota: será a estrada uma prisão?
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
"Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre"
Se tanta gente vive sem ter como viver

Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde quer chegar
Estamos vivos, sem motivos
Que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entrelinhas do horizonte dessa highway
Silenciosa highway

Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas "a dúvida é o preço da pureza"
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo
"não corra, não morra, não fume"
Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes

Minha vida é tão confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute, garota, façamos um trato:
Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato
Eu posso ser um Beatle, um beatnik
Ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa do teu lado
Por isso, garota, façamos um pacto
De não usar a highway pra causar impacto

Cento e dez, cento e vinte
Cento e sessenta
Só prá ver até quando o motor agüenta
Na boca, em vez de um beijo,
Um chiclet de menta
E a sombra do sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway


- Infinita Highway - Engenheiros do Hawaii

quarta-feira, 24 de março de 2010

Um post para deixar claro que TPM existe sim!

sexta-feira, 19 de março de 2010

A forma de tratar os outros tem muita importância. Não é ser bobo (nem sempre estar disponível), é ver o outro como alguém.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A resposta é:
Será que alguém sabe lidar?
Para essa resposta, outra:
Deve saber. O problema é que cada saber é diferente.
Assim como cada experiência o é


boa escolha para você (se é que uma escolha pode realmente ser boa ou ruim...)

Mas também, se um segredo pode ser contado
não esquentar a cabeça demais
pois,
afinal
é questão de deixar ou não deixar
escolhas serem definitivas

Ademais... tudo pode ser feito de novo... ou totalmente desfeito.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Em mais uma vulnerabilidade (típica de minha existência viva e de minha natureza metamorfósica),
voltam os dilemas
mas por culpa exclusiva do pensamento
de minha escolha

ignorando tudo isso... decido continuar tudo como está
não atrapalhar o que vejo como realidade (frizo bem)
por um pensamento bagunçado.

sim, é uma idiotice...
novamente sendo uma pessoa de extremos
não gosto.

mas, infelizmente, penso eu
volto a buscar refúgio na racionalidade.

tudo bem, agora eu preciso.
como, infelizmente, mais uma típica ocidental
não sei ainda lidar com sentimentos confusos, indecisões
tristezas.

ainda.

pretendo saber.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Artigo - Um nenhum - por Viviane Mosé

(Publicado no site da agência Carta Maior, na seqüência de cartas endereças “Ao arqueólogo do futuro”.)

"Senhor arqueólogo, foi muito difícil encontrar um lugar a partir do qual pudesse me dirigir ao senhor. Infinitas são as perspectivas que nosso tempo nos permite, desintegrado que está por tantas razões que não caberiam nesta cartinha. Então, resolvi falar de um lugar comum. O lugar de um homem. Todo homem é comum mesmo não sendo. O não ser comum do homem parece estar em sua forma própria de ser comum. Em seu jeito singular de sofrer, brincar, envelhecer. Em sua necessidade de construir, simbolizar, criar. Um homem não deixa de ser comum mesmo entre letras, livros, máquinas, sistemas, signos. Um homem é sempre uma trajetória que declina. Que ascende, mas que declina. O comum do homem é sua aparição relâmpago, o seu constituir e o seu perecer. O comum do homem é sua necessidade de dizer, manifestar, inscrever, perpetuar. Ao mesmo tempo sua impossibilidade de permanecer. Todo homem constitui-se na tensão entre viver e morrer, entre dizer e calar, entre subir e descer. Mas, por razões extensas e difíceis, a história humana parece ter se ordenado em torno da vontade de não ser.Não envelhecer, não sentir dor, não se cansar, não se aborrecer. O homem parece envergonhar-se de ser: pequeno, sensível, mortal, humano. E organiza-se em torno de um ideal de homem, sem corpo. O homem envergonha-se de seu corpo. Não de seu sexo ou de seu prazer, mas de suas vísceras, de seus excrementos, de seus sons e odores, de seu processo bioquímico, fisiológico, orgânico. O homem envergonha-se de morrer e vai acuando-se, escondendo-se, perdendo-se em torno de uma idéia, de uma imagem. Em sua luta por não ser comum, o homem tornou-se nenhum. Todo homem virou nenhum. Nenhum homem na rua, em casa. Nenhum homem na cama. Nenhum homem, mas um nome. O homem se reduziu a um nome. Não um nome próprio, mas um substantivo. Mas um homem é sempre maior que um nome mesmo que não queira. E uma outra história foi sendo tecida por trás desse desejo de não ser. Enquanto construía seus mecanismos de não corpo, enquanto se constituía como idéia, pensamento, imagem, a humanidade proliferava em seus excessos contidos, em suas angústias não canalizadas, em suas paixões não vividas, em seus pavores maquiados. E um corpo invertido, nascido de tantos corpos abafados, foi constituindo-se socialmente, foi ganhando força e vida. Uma vida invertida, mas uma vida. Tóxica, ela foi se alastrando pelas casas, pelas ruas, em forma de morte. A morte negada, as perdas e dores abafadas, saíram às ruas reivindicando seu espaço. O que antes esteve circunscrito aos campos de batalha, às margens, aos guetos, agora ganha as escolas, os metrôs, os restaurantes, as praias. Não há mais lugar seguro, carros blindados, condomínios fechados. Agora todos somos igualmente passíveis.
Vivemos a democratização da violência. Vivemos o predomínio daquilo que foi por tanto tempo obstinadamente negado. A violência trouxe-nos de volta a urgência pelo corpo, pela vida, pelo tempo. E apartou-nos de nosso sonho de perenidade, de futuro, de verdade. Agora, todos estamos órfãos de nosso medíocre projeto de felicidade. Agora é preciso viver, temos urgência do instante, precisamos do corpo, mesmo gordo, magro, estrábico. E aqui, de meu lugar comum, de mulher comum, enquanto lavo a louça do café olhando a cor insistente da tarde que passa, me pergunto por quê? Por que não os dias nublados, as dores do parto, os serviços domésticos? Por que não o escuro, o delírio, a solidão? As lágrimas, os espinhos no pé, as quedas? Dizem que o homem, como conhecemos, tende a desaparecer. É possível que uma espécie mais forte possa surgir, uma espécie capaz de um dia divertir-se com este nosso hábito demasiadamente humano de negar o inexorável, de controlar o incontrolável, e, não conseguindo, de esconder-se em cápsulas virtuais, em psicotrópicos de ultima geração, em imagens. Um homem que talvez tenha sempre existido pode começar enfim a surgir. Um homem capaz de viver a dor e a alegria de ser mortal, singular, sozinho, comum. Um homem capaz de gritar sua dor impossível. Um homem capaz de cantar. Um homem capaz de viver. "
É.
aceleração... não é sim
ele é pe
lo
son.
ho
?
mas
foi feito
agora.
esco
normal
lhi

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Erguem-se pelos, como num movimento dançante
inicia-se nas partes inferiores do corpo
subindo em um movimento sem direção descritível
forte
fica.

pantan, tantan
pantan, tantan
pantan, tantan ("Mesmo com tantos motivos, pra deixar tudo como está...")

Cessa.

("Eu deixo a onda me acertar, e o vento vai, levando tudo embora...")

Instinto.

Cheiro de chuva. De poeira. De terra. De carros. De gente.

Lados. Mentes concentradas. Desconcertadas.

Pele.

Sandálias.

Lábios. Secos.

Bolacha nas gengivas.

Fim da pausa.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

" Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima. Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá para renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar. "
Martha Medeiros

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A maior parte das frustrações da vida é na verdade derivada de nossas expectativas, ou de nossas ilusões?
Todas as vezes que viajamos ou fazemos uma simples compra de um objeto qualquer criamos expectativas inimagináveis. Um verdadeiro superlativo da imaginação. Acreditamos com plena convicção que aquilo dentro de nossa mente é verdadeiro, o clima estará ótimo, ninguém irá amassar o carro novo, passará com facilidade naquele concurso, seu mestrado será aceito, e, o melhor de todos, não morrerei amanhã. Uma grande cilada. Temos um pavor muito grande de pensar o contrário.
Quando alguém fala, -"amanhã vai chover", já gritam de lá -"fique quieto não está vendo que está "agourando" o dia".
Não se pode aceitar dentro desta análise "ocidental" que quebrem suas "expectativas".
É claro que quanto maior a expectativa maior a frustração.
Caso você não tenha expectativas sobre suas ações e de outras pessoas, menor será sua frustração, esta atitude lhe trará mais clareza para suas atividades, pois a mente estará atenta ao que realmente acontece e não aquilo que sua mente programou para acontecer.
Então, já que a expectativa é desprogramável, curta o dia sem preocupações, simplesmente, relaxe debaixo da chuva ou debaixo do sol, o resultado será o mesmo.
Enfim expectativa é um outro nome para ILUSÃO.


(Texto do meu querido professor de História do Ensino Fundamental, Sr. Paulo Celso)

"Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?"

"Eu jamais iria para a fogueira por uma opinião minha, afinal, não tenho certeza alguma. Porém, eu iria pelo direito de ter e mudar de opinião, quantas vezes eu quisesse.”
"Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." - Friedrich Nietzsche

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


"Não é preciso ter razão para cantar. Para dar ao corpo uma manhã mais tarde, uma noite mais úmida. Para decorar a letra tremida da carne. Canta-se como uma telha solta do telhado, para se confessar de alegria. Canta-se para não dizer tudo o que resta a dizer. Para não ser dito o que não cabe, para que sejam lidas as labaredas. Canta-se para confundir o pão e os insetos, as mãos e os seios, os joelhos e ladeira da chuva. Canta-se para não dormir durante a leitura. Para roçar um vestido. Para se privar do invisível. Canta-se para não assentar o fundo, para retardar o caminho de regresso. Canta-se para amar o que ainda nem nasceu, para interromper uma recordação triste. Canta-se ainda que sem voz afinada, sem apetite. Canta-se como uma poeira luminosa que sobe dos tapetes e que só é vista na infância ou quando se canta. Canta-se com o relógio de árvore. Com as ervas mastigadas pelas águas, pela extensão dos cabelos. Canta-se pelo silêncio crespo do vinho, pelo vitral que há no vinho. Canta-se pelas pedras onduladas das lâmpadas, para se apoiar na velhice das escadas. Canta-se para ultrapassar a mágoa, para não ter motivos. Canta-se para embaralhar a confiança e a carícia, desobedecer o ventre, injuriar com um beijo. Canta-se para arrumar os ombros, ajeitar a gola, subir na grama. Canta-se para alimentar o que não é letra. Para despedir-se do começo. Canta-se para viver no mesmo dia dos lábios. Pela falta de equilíbrio dos segredos. Canta-se para persistir quando era o momento de se apagar. Canta-se para convencer o passado que ele ainda não imaginou o suficiente. Canta-se para respirar mesmo sem ar. Para respirar debaixo de um corpo." (Fabrício Carpinejar)
"(...) mas preciso de magia. Não consigo viver em preto e branco".
(Friedrich Nietzsche)