Ela olhava para os outros.
Olhava oriunda do absurdo de uma confirmação tirar
Obviamente que esta é a explicação impostora que sempre dá a
siA verdade que a impulsionou é outra: ela não consegue parar
Pensa, pensa, pensa
Em cada detalhe inútil
Em cada detalhe que mata a vida
Mas, ela olhou.E constatou: nada mais queria, no ínfimo tempo do agora
Ele.
Aquilo que a dança das circunstâncias criou, sem esforço
Mas, com tanta entranha.
Com tanta... corda solta da liberdade, amarrada no inevitável querer
Não de prisão, mas de algo inconcebível no seu mundo do
controle:
Corda de vontade genuína, das mais genuínas.
Ela não queria dizer amar, pois gosta de arranjar problemas
com as palavras
Então ela, da forma mais profícua,
Só sentia. Vários os quês certeiros, sentia-os
E tinha certeza, no agora
Mesmo que soubesse que as certezas são tão tênues
Estava certa: não queria saber lá o que o amor significava
Não queria proferir essa junção de letras
Mas, eu digo a ela, mesmo sem nenhum direito de fala:
Ela ama como quem não quer pensar
Só o queria por perto, com seus ohos brilhantes
E sua presença verdadeira: eles realmente se tocaram
Sem fantasias, sem regras.
Eles estavam lá, com a verdade inexistente, existindo
E com palavras que linguística nenhuma conseguia
materializar.