sábado, 7 de abril de 2012


Ela olhava para os outros.
Olhava oriunda do absurdo de uma confirmação tirar
Obviamente que esta é a explicação impostora que sempre dá a si

A verdade que a impulsionou é outra: ela não consegue parar

Pensa, pensa, pensa
Em cada detalhe inútil

Em cada detalhe que mata a vida
Mas, ela olhou.

E constatou: nada mais queria, no ínfimo tempo do agora

Ele.
Aquilo que a dança das circunstâncias criou, sem esforço

Mas, com tanta entranha.
Com tanta... corda solta da liberdade, amarrada no inevitável querer

Não de prisão, mas de algo inconcebível no seu mundo do controle:
Corda de vontade genuína, das mais genuínas.

Ela não queria dizer amar, pois gosta de arranjar problemas com as palavras
Então ela, da forma mais profícua,

Só sentia. Vários os quês certeiros, sentia-os
E tinha certeza, no agora

Mesmo que soubesse que as certezas são tão tênues
Estava certa: não queria saber lá o que o amor significava

Não queria proferir essa junção de letras
Mas, eu digo a ela, mesmo sem nenhum direito de fala:

Ela ama como quem não quer pensar
Só o queria por perto, com seus ohos brilhantes

E sua presença verdadeira: eles realmente se tocaram
Sem fantasias, sem regras.

Eles estavam lá, com a verdade inexistente, existindo
E com palavras que linguística nenhuma conseguia materializar.