Resumo do texto de Estevão Chaves de Rezende Martins. Cultura e Poder, pp. 29-
Para o autor, a dimensão coletiva contém um componente atemporal, que seria responsável pelas permanências, ou seja, pela cultura histórica que se mantém e torna-se base para a formação cultural das coletividades e indivíduos do presente e futuro. A “posse” da educação, no formato de ensino, desde o Estado Moderno, é a principal responsável pela sustentação e constituição de identidades culturais históricas.
“(...) a dominação política se esteia em elementos históricos, em particular na simbologia das origens e da continuidade, para pretender a legitimidade. A legitimidade é a aptidão estrutural do sistema político para receber adesão, supondo-se que os mecanismos de sua justificação encontram base (real ou forjada) na memória histórica da coletividade (pelo menos da coletividade dominante).” (p. 34)
Há a explicação das “quatro vias” da construção de identidades, que predominantemente são entrelaçadas: identidade por assimilação ou apropriação, identidade por rejeição, identidade por contraste e identidade por diferença.
Em uma análise sobre a amplitude do termo cultura, que surgiu recentemente, pode-se pegar o enunciado do antropólogo Clifford Geertz, para o qual “a cultura não é um acréscimo ornamental de sofisticação supérflua de um ou de outro indivíduo – a cultura é um elemento constitutivo da condição humana.”(p.42). Esta extensão da compreensão do termo demorou a chegar neste ponto, e atualmente há o reconhecimento de cultura como fator subjetivo e coletivo de afirmação identitária.
A diversidade de adjetivos ganhos pelo termo cultura pode ser agrupada em dois conjuntos. O primeiro de caráter étnico (cultura inglesa, cultura americana, cultura chinesa, etc.) e o segundo por “temas” (cultura política, erudita, popular, literária, etc.).
A política de Estado tem seu alicerce no sentimento criado de nacionalismo, que dá “forma à massa” e cria a imaginada e arquitetada nação – essa forma ideológica de política, o Estado-nação, dá-se a partir do final do século XVIII. Partindo da identificação com a pátria, com o líder ou com os símbolos e heróis nacionais, entre outros exemplos, há a geração de “uma vontade coletiva de lealdade” ao Estado.
“Os Estados buscam justificar seu poder conformando o modo de pensar de seus cidadãos por intermédio dos sistemas de educação e de comunicação de massa. Inúmeras vezes, ao longo dos séculos XIX e XX, encontra-se o motivo da defesa dos valores e do modo próprio de ser e de viver para sustentar ataques – verbais ou armados – a outros Estados.” (p. 47)
A formação cultural das identidades dá-se por três diferentes e complementares níveis: a identidade nacional, a social e a pessoal. Todas essas constituídas a partir do meio de vida de interações. Para Mathews, um dos pesquisadores citados no texto, a cultura é sistematicamente moldada e manipulada pelo Estado e/ou pelo mercado.
As informações, que influenciam na construção, edificação e propagação cultural, podem ser de fontes sistematizadas, institucionalizadas (plano governamental – educação, de forma direta e indireta; comunicação – indústria da notícia, fontes antigas e contemporâneas) ou de fontes assistemáticas, informais (o que circula no plano das mentalidades individuais e sociais).
Para Castells, outro autor citado no texto, a circulação de idéias e de bens culturais é alimentada por uma multiplicidade de fontes, de acordo com as diferentes culturas de origem, com as respectivas histórias e com as geografias próprias (“obsessão deliberada pelo multiculturalismo” – Castells).
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